quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO FACILITADORAS DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DO CAMPO

AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO COMO FACILITADORAS DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DO CAMPO


Resumo
O presente Artigo tem por objetivo elencar algumas considerações sobre o uso das tecnologias para a construção do conhecimento na Educação do Campo. Respaldando-se em vários estudiosos como, ALMEIDA, PRADO, LEVY, SILVA descreve-se sobre a formação continuada para os educadores, importante mecanismo de promoção de situações de aprendizagem que levam ao desafio e à superação de ideias individualistas e afirmam que o processo de reconstrução do conhecimento e da prática envolve a concepção de aprender a aprender ao longo da vida, a qual se dá por meio de uma rede tecnológica que contemple as diversas mídias e sobre os cursos ofertados pelo Ministério da Educação e Cultura , Educação Digital – IED (40h), o curso Tecnologias na Educação: ensinando e aprendendo com as TIC (100h) e o curso Projeto Integrado de Tecnologia no Currículo – PITEC (40h), através do Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional – Proinfo Integrado. O uso das TICs implicará a construção de novos paradigmas educacionais com vistas à superação da sala de aula tradicional, onde o professor passa a ser o mediador nesse processo de apropriação das novas tecnologias sem para isso desconsiderar a cultura dos sujeitos do campo.
Palavras-chave: Educação do Campo, Formação Continuada, Tecnologias Educacionais.





THE INFORMATION TECHNOLOGY AS FACILITATING LEARNING COMUNICÇAÇÃO IN EDUCATION FIELD

Abstract
This article aims to list some considerations on the use of technologies for building knowledge in Field Education. Support in various scholars as ALMEIDA, PRADO, LEVY, SILVA describes itself on continuing education for educators , an important mechanism for the promotion of learning situations that lead to the challenge and overcome individualistic ideas and claim that the process of reconstruction of knowledge and practice involves designing learning to learn throughout life, which occurs through a network technology that addresses the various media and on the courses offered by the Ministry of Education and Culture , Education Digital - IED ( 40h ), the course Technologies in Education: Teaching and Learning with ICT ( 100h ) and the ongoing Integrated Project on Technology Curriculum - PITEC ( 40h ), through the National Program for Continuing Education in Educational Technology - Integrated Proinfo. The use of ICT will lead to the construction of new educational paradigms in overcoming the traditional classroom, where the teacher becomes the facilitator in this process of appropriation of new technologies without disregard for the culture of this subject field.
Keywords: Field Education, Continuing Education, Educational Technology.

AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO COMUNICAÇÃO COMO FACILITADORES DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO DO CAMPO


Introdução

Pensar em educação é refletir sobre os sujeitos que nela estão envolvidos, ou seja, sobre o processo de ensino-aprendizagem, seja qual for sua especificidade, designa, acima de tudo, o perfil de quem atua nela. E com isso a educação assume o caráter de formação como princípio de qualidade em sua prática pedagógica, aspecto que é assegurado pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases 9394/96) que aponta, no título VI — Dos Profissionais da Educação, no artigo 63, a necessidade de programas de educação continuada aos profissionais dos diversos níveis de ensino.
Um dos fatores que mais enaltece a necessidade de programas de formação permanente no atual cenário educativo é a inserção das TICs (Tecnologias da Informação e da Comunicação), que podem agregar grande auxílio metodológico ao processo de fluxo de informações, de comunicação e construção de conhecimento em uma perspectiva veloz e contínua na relação entre docentes e discentes. Por meio de uma compreensão mais ampla do processo formativo, podemos diminuir a distância entre a tecnologia e o processo de ensino-aprendizagem.
Para tanto, não basta ter laboratórios de informática bem equipados, mas, sim, oferecer o preparo adequado, com pressupostos técnicos, além de uma vasta bagagem pedagógica que auxilie os educadores a relacionarem as TICs ao processo de planejamento de suas aulas, permitindo, assim, um foco interdisciplinar contínuo.
É considerando a especificidade da Educação do Campo que ponderamos sobre as tecnologias no processo de construção do conhecimento, onde educadores e educandos assumem papéis de protagonista. Aqui discorrer-se-á sobre a importância de valorizar a cultura dos povos do campo, servindo-se dos conhecimentos prévios para desenvolver/ampliar as habilidades/capacidades dos educandos e para isso valoriza-se a formação continuada, uma vez que a formação inicial não tem atendido as exigências da sociedade atual.
No que diz respeito a formação continuada em tecnologias educacionais, temos os cursos ofertados pelo Ministério da Educação e Cultura  dentre eles o curso de Introdução à Educação Digital – IED (40h), o curso Tecnologias na Educação: ensinando e aprendendo com as TIC (100h) e o curso Projeto Integrado de Tecnologia no Currículo – PITEC (40h). objetivam também a inclusão digital nas escolas de educação básica e comunidades escolares e que pudessem dinamizar e qualificar os processos de ensino e de aprendizagem com vistas à melhoria da qualidade da educação básica a fim de planejarem estratégias de ensino e aprendizagem integrando recursos tecnológicos disponíveis e criando situações de aprendizagem que levem os alunos à construção de conhecimento, à criatividade, ao conhecimento e habilidades.

A Educação do Campo frente às tecnologias

Ao pensarmos em escolas do campo, em práticas pedagógicas, é essencial pensarmos no coletivo existente, com seus valores, costumes, rituais, crenças, enfim, a cultura que constitui os saberes do campo e que se evidenciam no cotidiano da vida no campo. As práticas pedagógicas desenvolvidas nas escolas do campo, mediadas pelas inovações tecnológicas, precisam estabelecer o dialogo com esses conhecimentos da população campesina. As trajetórias de vida, as experiências e os conhecimentos da população do campo precisam também estar presentes no cotidiano das escolas para que as maneiras de ser e de viver desses grupos sociais se mantenham vivas e em processo de crescimento.

A educação do campo é um espaço propicio para reflexões sobre interdisciplinaridade, uma vez que o próprio campo caracteriza-se por uma diversidade cultural, social e econômica. Dar continuidade à educação do campo requer a analise das especificidades de cada lugar. O campo é o lugar da pequena produção, do sem terra, do posseiro, do indígena, do quilombola, dos atingidos por barragens, dos arrendatários, meeiros, posseiros, boias frias. Cada uma das atividades gera experiências e práticas social diversificada, cuja identidade pode ser construída no espaço comunicativo do movimento social e na gestão coletiva de vida na escola (SOUZA, 2006, p.24).

Conhecendo toda essa diversidade os desafios para o uso de tecnologias nas práticas educativas das escolas do campo passam por assegurar o direito de acesso ao conhecimento do campo e também para além do campo. Estas tecnologias viabilizam projetos educacionais organizados com base na integração da realidade, das escolas, das práticas pedagógicas adequadas e da organização administrativa. Essa integração é essencial para melhorar a qualidade da educação.
Ao inserir as tecnologias nas escolas, é importantíssimo investir não só na formação de professores para dominarem essa técnica, mas também, envolver todos que atuam na escola. Com o uso das tecnologias, educadores e educandos descrevem suas ideias, trocam experiências, produzem histórias e desenvolvem projetos que podem ser usados no dia-a-dia da escola.
A inserção das tecnologias na educação do campo oportuniza aos educandos uma integração com a comunidade que o cerca e a outros espaços produtores de conhecimento.
A Cultura fornece um enorme equipamento cognitivo aos indivíduos. A cada etapa da nossa trajetória social, a coletividade nos fornece línguas, sistemas de classificação, conceitos, analogias, metáforas, imagens, evitando que tenhamos que inventá-las por conta própria (LEVY, 1993, p. 142-143).

É importante que a escola perceba que o valor instrumental não está nos próprios meios, mais sim na maneira como se integram na atividade didática, em como eles se inserem no desenvolvimento e conhecimento de cada criança. Assim, um projeto de inovação tecnológica na educação deve gerar propostas comprometidas com as finalidades educativas, assumindo, como ponto principal o sentido transformador da prática pedagógica. Nesse sentido, o professor é fundamental nesses projetos, pois, a qualidade educativa destes projetos depende, mais do que habilidades técnicas, do uso da didática do professor com relação ao educando, induzindo o mesmo a pensar sobre seus conhecimentos, onde o professor poderá usar tais conhecimentos para refletir sobre sua prática.
À medida que o sistema educacional utiliza das tecnologias no processo de construção do conhecimento, há uma diminuição da exclusão digital e a educação ultrapassa as paredes da sala de aula, ou seja, motivando os alunos com aulas dinâmicas interativas e diversificadas.
A perspectiva que se abre no campo educacional, leva o professor a pensar, despertando insegurança frente aos desafios que representa a introdução das tecnologias ao cotidiano escolar, principalmente em se tratando de escolas do campo. Segundo Kalinke:

Os avanços tecnológicos estão sendo utilizados praticamente por todos os ramos do conhecimento. As descobertas são extremamente rápidas e estão a nossa disposição com uma velocidade nunca antes imaginada. A internet, os canais de televisão a cabo e aberta, os recursos de multimídia estão presentes e disponíveis na sociedade. Estamos sempre a um passo de qualquer novidade (1999, p. 15).

As tecnologias nos desafiam a buscar ações inovadoras e a repensar no papel do professor no atual contexto das escolas. Alunos e professores precisam se apropriar da tecnologia tanto no que se refere ao uso do computador, como também de outras ferramentas tecnológicas. O uso correto de aparelhos tecnológicos requer mudanças no modelo de currículo existente nas escolas do campo, regando assim, uma mudança em todo o ambiente escolar.
O domínio que o professor tem diante das diversas tecnologias existentes na escola faz com que o aluno se sinta confiante, fazendo com que este desenvolva seus conhecimentos e suas habilidades. Para isso o professor precisa estar apto para manusear estas tecnologias. Neste sentido, pode-se trabalhar,

[...] conceito de alfabetização tecnológica do professor, desenvolvidos a partir da ideia de que é necessário o professor dominar a utilização pedagógica das tecnologias, de forma que elas facilitem a aprendizagem, sejam objeto de conhecimento a ser democratizado e instrumento para a construção de conhecimento. Essa alfabetização tecnológica não pode ser compreendida apenas como o uso mecânico dos recursos tecnológicos, mas devem abranger também o domínio crítico da linguagem tecnológica (LEITE, 2033, p. 14).

Os alunos que podem usufruir das tecnologias nas escolas que frequentam, também podem usar desse conhecimento fora da sala de aula. Esses conhecimentos podem ser utilizados no dia-a-dia dos alunos. Isso significa que o uso das tecnologias nas escolas do campo irá beneficiar o aluno não só na sala de aula, como também fora dela, fazendo com que o aluno fique mais motivado para estudar e buscar novos conhecimentos favorecendo uma aprendizagem por toda a vida.
A educação do campo deve ser um instrumento de preparação do educando para a vida numa perspectiva de mundo globalizado, onde essa escola tenha a mesma qualidade de uma escola da cidade, pois o acesso ao mundo tecnológico vai proporcionar ao indivíduo conhecimentos enriquecedores, além de contribuir para o seu desenvolvimento intelectual, social, econômico e político.
O professor precisa ensinar os seus alunos a utilizar as tecnologias, onde estes conheçam o potencial e os benefícios que elas podem nos proporcionar. Os alunos, possuindo esses conhecimentos, poderão transmiti-los para seus pais, onde estes poderão facilitar o seu trabalho no meio rural.

Pelo trabalho o educando produz conhecimento, cria habilidades. Em si mesmo o trabalho tem uma potencialidade pedagógica, e a escola pode torná-lo mais plenamente educativo, à medida que ajude as pessoas a perceber o seu vínculo com as demais dimensões da vida humana: sua cultura, seus valores, suas posições políticas... por isto a nossa escola precisa se vincular ao mundo do trabalho e se desafiar a educar também para o trabalho e pelo trabalho (CALDART, 2000, p. 56).

                Nesse sentido a escola deve fornecer oportunidades onde o aluno desenvolva habilidades aproveitando o conhecimento que já possuem, aprimorando estes com os conhecimentos do professor, onde este deverá utilizar das tecnologias fornecidas pela escola para aprimorar seus métodos de ensino, fazendo com que o aluno tenha mais facilidade para manusear e utilizar estas tecnologias.
            De acordo com Tajra:

A escola deve oferecer aos seus alunos a possibilidade do uso dessa ferramenta tão presente em nosso cotidiano, seja para fins de pesquisa, para produção de materiais dos projetos educacionais, para a profissionalização dos alunos ou para outras finalidades. Não oferecer acesso a essa nova tecnologia é omitir o contexto histórico, sócio-cultural e econômico vivenciado pelos educandos (2001, p.7).

O currículo da escola do campo precisa privilegiar os saberes construídos pela população do campo, mas precisa também ter em foco os saberes que preparam para a produção e o trabalho e que lhe dê o direito de se constituir cidadãos que deseja continuara no campo e ter possibilidade de viver e sobreviver com dignidade a partir do seu próprio trabalho e da sua própria produção.
A tecnologia traz aos sujeitos do campo informações que auxiliam na melhoria da produção agrícola familiar. Por isso, é necessário pensarmos em estratégias que promovam este desenvolvimento rural sem que estes sujeitos tenham que abandonar seu modo de viver. O acesso às informações pela internet melhora a vida no campo, seu modo de trabalho, técnicas de plantio e cultivo da produção. Por isso, o professor precisa ficar atento às mudanças que ocorrem para estar sempre atualizado a fim de melhorar cada vez mais seu trabalho em sala de aula e, com isso, aprimorar o conhecimento dos alunos.

Na atualidade, as alterações ocorridas a partir dos avanços da tecnologia invadem o nosso cotidiano. As facilidades de comunicação e informação advindas dos avanços tecnológicos traduzem-se em mudanças irreversíveis nos comportamentos pessoais e sociais. Novas formas de pensar, de agir e de se relacionar comunicativamente são introduzidas como hábitos corriqueiros. (VEIGA, 2006, p. 128).

Nessa mesma linha de pensamento, MOREIRA (2000, p. 3) orienta que a escola deve recorrer às tecnologias para construir novos ambientes de aprendizagem, o que implicará a construção de novos paradigmas educacionais com vistas à superação da sala de aula tradicional. Desta forma, faz-se necessário usar o computador como ferramenta de mediação pedagógica para a promoção de uma educação de qualidade, daí a importância de o professor ser orientado a assumir o papel de mediador nesse processo de apropriação das novas tecnologias.


Formação continuada

A busca da qualidade de ensino na formação básica voltada para a construção da cidadania, para uma educação sedimentada no aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser e para as novas necessidades do conhecimento, exige necessariamente, um cuidado especial com a formação continuada dos profissionais com um olhar crítico e criativo. Essa preocupação é relevante, tendo em vista o atual contexto de reformas educacionais, que visam a dar respostas à complexa sociedade contemporânea.
                Diante desses desafios, formação continuada é uma das políticas educacionais mais importantes a que vem contribuir para a melhoria do trabalho docente. Assim buscar estar atualizado pela formação continuada é a oportunidade que os profissionais, em especial os da educação, tem para rever concepções e ampliar os conhecimentos teóricos e metodológicos, permitindo ainda, que o educador possa relacionar os fundamentos teóricos e metodológicos às situações vivenciadas em sala de aula, avaliar, refletir e redimensionar o seu saber docente.
Para Marques, (1998), a formação continuada significa:

[...] possibilitar a articulação entre a atuação do professor na sala de aula e o espaço para a reflexão coletiva e o aperfeiçoamento constante das práticas educativas, refundando-as sempre de novo na produção do saber/competências/requeridas [...]. (MARQUES, 1998, p. 195).

Sendo assim, a aprendizagem contínua apresenta-se como uma condição necessária para que o profissional mantenha a sua posição no trabalho, mantendo-se atualizado e pronto para vencer novos desafios, garantindo assim sua posição no mercado de trabalho.
O momento atual demanda novas convivências, novas maneiras de buscar e interagir com o objeto do conhecimento, tem-se que a todo o momento buscar adaptações e atualizações, seja nos modos de trabalho, seja nas relações interpessoais com outros profissionais da mesma área.  Assim, deve-se estar preparado para aprender, buscar novos desafios, encarar necessidades especialmente as voltadas à utilização das tecnologias, o que tem provocado muitas transformações nas vidas das pessoas.
Levy (1999, p. 101) alerta que “está destinada ao fracasso toda e qualquer análise da informatização que esteja fundada sobre uma pretensa essência dos computadores, ou sobre qualquer núcleo central, invariante e impossível encontrar de significado social ou cognitiva.”
Valente (1999, p. 3) apresenta sugestões criticas sobre a formação de educadores para o uso da Informática na Educação e, ao mesmo tempo, nos faz compreender que a inserção da informática na educação requer, sobretudo, investimentos na formação do professor, porque os bons resultados da utilização dos computadores na educação relacionam às concepções epistemológicas e pedagógicas de uso das tecnologias educacionais.
Sob esta ótica, entende-se que há necessidade de maiores investimentos na formação continuada dos educadores, pois são estes que orientarão os educandos a utilizar as tecnologias para construir conhecimentos. Se o educador não é familiarizado ou desconhece a utilização dos artefatos tecnológicos, dificilmente conseguirá criar propostas criticas de uso das tecnologias no processo escolar de seus educandos.
A proposta de formação deve instrumentalizar, incentivar e mobilizar o educador para inserir em suas ações educativas o computador como ferramenta pedagógica, pois não é suficiente ter computadores e softwares à disposição do professor, se este, em sua formação, não teve experiências concretas de integração das tecnologias nas propostas educativas. Então, nesse sentido a formação continuada deve dar esse respaldo aos educadores.
Para Silva (2005, p.124), o uso crítico das TIC depende muito de existir professores abertos para aprender, ouvir os alunos, instigar suas participações em sala de aula, de modo a engajá-los no processo ensino e aprendizagem, como também, gestores que apóiem e incentivem o processo nas atividades educativas, até porque uma educação de qualidade pode se efetivar, dentre muitos fatores, a partir de uma proposta afirmativa de formação de professores e o engajamento de toda a comunidade escolar no processo de informatização dos ambientes escolares, como também, do uso crítico das tecnologias educativas disponíveis na escola.
O grande desafio, então, é proporcionar aos educadores autonomia de saber como usar pedagogicamente o computador e, este “como” envolve saber “o quê” e “o porquê” usar tal recurso (ALMEIDA e PRADO, 2005, p. 9). A mudança de postura dos docentes deverá assumir a aprendizagem como um processo que o aluno constrói como produto do processamento, da interpretação, da compreensão e da informação. E para isso é indispensável que:

Os atuais educadores participem de programas de formação continuada desenvolvidos por meio de ambientes virtuais que privilegiem as interações, a articulação entre a ação e reflexão, a prática e teoria, bem como trabalho individual e colaborativo, contemplando o contexto e o cotidiano de sua atuação na escola (VALENTE, PRADO & ALMEIDA, 2003).

Nesse sentido, a intenção da formação continuada, não pode ser resumida, de forma alguma, em repasses de estratégias didáticas ou de fundamentações teóricas e metodológicas. A formação continuada tem em seu plano de fundo a intenção de apresentar sugestões, estratégias didáticas fundamentadas teoricamente como mais uma possibilidade de trabalho, como proposta de ensino e de aprendizagem que se forem adequadas à realidade de cada instituição escolar, de cada sala de aula, de acordo com os níveis de desenvolvimento de cada educando, poderão contribuir para um ensino mais dinâmico, interativo e significativo.
Nesta perspectiva a sociedade deve oferecer recursos e mecanismos para as pessoas satisfazerem o desejo de aprender e ao mesmo tempo estar conscientes de que as pessoas aprendem de diferentes maneiras. E ainda, que devem oferecer vários tipos de ambientes de aprendizagem, onde até então tem sido a escola como único ambiente de aprendizagem, que por sua vez castra os indivíduos em vez de proporcionar condições para que a aprendizagem seja produto de um processo de construção de conhecimento que o aprendiz realiza na interação com o mundo.
O grande desafio diante da revolução tecnológica que se faz cada vez mais presente na educação e no cotidiano dos educadores é integrar tecnologia, ética e educação na sala de aula junto com os educandos, pois existem diferentes tecnologias e diferentes possibilidades de colocá-las como parceiras nos processos de construção do conhecimento sem evidenciar a superioridade de uma tecnologia sobre a outra e sem denominar algumas como avançadas e outras como abrasadas.


                Em 1998, foi criada pelo MEC a Secretaria de Educação a Distância – SEED[1] – para fomentar o uso das TIC nos processos de ensino aprendizagem e promover a pesquisa e o desenvolvimento de novos conceitos e práticas nas escolas públicas brasileiras.
De acordo com Salgado (2008, p. 11) em 2007 a SEED, na esfera do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, elaborou a revisão do Programa Nacional de Informática na Educação – Proinfo e de acordo com o Decreto nº 6.300, de 12 de dezembro, o programa passou a ser Programa Nacional de Tecnologia Educacional – Proinfo e demanda a integração e articulação de três componentes: a instalação de ambientes tecnológicos nas escolas (laboratórios de informática com computadores, impressoras e acesso à internet – banda larga); a disponibilidade de conteúdos e recursos educacionais multimídia e digitais, soluções e sistemas de informações disponibilizados pela SEED/MEC nos próprios computadores, por meio do Portal do professor[2], da TV/DVD Escola, etc. e a formação continuada dos professores e outros agentes educacionais para o uso pedagógico das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
Nessa conjuntura, surge o Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional – Proinfo Integrado[3] que congrega um conjunto de processos formativos, dentre eles o curso de Introdução à Educação Digital – IED (40h), o curso Tecnologias na Educação: ensinando e aprendendo com as TIC (100h) e o curso Projeto Integrado de Tecnologia no Currículo – PITEC (40h).
Esses cursos em questão, de acordo com os cadernos[4], além de oferecer subsídios teórico-metodológico-práticos para que professores e gestores objetivam também a inclusão digital nas escolas de educação básica e comunidades escolares e que pudessem dinamizar e qualificar os processos de ensino e de aprendizagem com vistas à melhoria da qualidade da educação básica a fim de planejarem estratégias de ensino e aprendizagem integrando recursos tecnológicos disponíveis e criando situações de aprendizagem que levem os alunos à construção de conhecimento, à criatividade, ao conhecimento e habilidades. Resultando com isso numa mudança de postura e do modo como utiliza o computador, seja como ambiente tecnológico, como ambiente social na hora de estudar, produzir, comunicar-se, interagir e trabalhar com colegas e com os alunos na escola, de forma individual, em grupos e entre grupos, enfim uma ferramenta que facilita a descrição, a reflexão e a depuração de ideias. Pois é preciso descobrir novos caminhos e modos de atuar que favoreçam um dialogo com a tecnologia ao promover a inclusão digital.
Valente (1991, p. 13) já dizia que a introdução do computador na educação não deve se dar pelo fato de se estar atualizado com relação às inovações tecnológicas, o que traz poucos benefícios para o desenvolvimento intelectual do aluno. O computador deve ser usado como catalisador de uma mudança do paradigma educacional, a fim de promover a aprendizagem ao invés do ensino, que coloca o controle do processo de aprendizagem nas mãos do aprendiz, e que auxilia o professor a entender que a educação não é somente a transferência de conhecimento, mas um processo de construção do conhecimento pelo aluno.


Considerações finais

            Procuramos aqui apresentar algumas considerações sobre o uso das tecnologias para a construção do conhecimento na Educação do Campo e da formação continuada para os educadores, importante mecanismo de promoção de situações de aprendizagem que levam ao desafio e à superação de ideias individualistas e afirmam que o processo de reconstrução do conhecimento e da prática envolve a concepção de aprender a aprender ao longo da vida, a qual se dá por meio de uma rede tecnológica que contemple as diversas mídias.
Viu-se também que os cursos ofertados pelo MEC, são de suma importância e necessários à formação dos educadores, pois são cursos ótimos, mas, que infelizmente, não tem atingido por completo seus objetivos. Os três cursos (IED, TIC e PITEC) trazem uma metodologia, são bem organizados dentro de um tempo, abordam diversos temas relacionados à integração de tecnologias no processo ensino aprendizagem e propiciam inúmeras atividades de trocas de experiências entre os cursistas, além das apresentações e debates.
Desta forma, sugere-se que a escola busque dentro de seu projeto de formação continuada contemplar o uso das tecnológicas como ferramenta pedagógica sem desvalorizar as culturas já existentes e fomentar a criação de novas culturas, especialmente a cultura digital e para isso deve se planejar estratégias pedagógicas utilizando as TIC que levem os educandos à construção de conhecimentos, à criatividade, à produção e integração.
Entretanto, essa perspectiva não é simples nem ocorre espontaneamente. Não basta acreditar que o cotidiano escolar favorece elementos para essa formação e a partir do seu trabalho, o professor está se formando continuamente. Nesse sentido, o pesquisador alerta: “A formação continuada deve estar articulada com desempenho profissional dos professores, tomando as escolas como lugares de referência. Trata-se de um objetivo que só adquire credibilidade se os programas de formação se estruturarem em torno de problemas e de projetos de ação e não em torno de conteúdos acadêmicos”. (NÓVOA, 1991, p.30).
A fim de que o cotidiano escolar se torne um espaço significativo de formação profissional é importante que a prática pedagógica seja reflexiva no sentido de identificar problemas e resolvê-los e acima de tudo, seja uma prática coletiva, construída por grupos de professores ou por todo corpo docente de determinada escola. Sendo assim, tem-se uma rica construção de conhecimento em que todos se sentem responsáveis por ela.



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