sexta-feira, 16 de março de 2012

Escola do Campo vivencia na prática os conhecimentos teóricos

A aplicação da teoria repassada em sala de aula com a vida cotidiana da zona rural tem se mostrado ferramenta pedagógica eficaz.

A experiência tem aumentado a participação da comunidade do assentamento 12 de Outubro, nas atividades da Escola Estadual do Campo, Florestan Fernandes, localizada no município de Cláudia (594 km de Cuiabá).
A unidade de ensino conta com 140 alunos que cursam os ensinos Fundamental e Médio, além da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Todos eles moram no assentamento e participam das aulas práticas no contra turno das atividades realizadas em classe”, contou o diretor Edílson de Jesus Santos.

Um exemplo dessas aulas práticas ocorreu na última sexta-feira (09.03), quando todos os alunos do período matutino colocaram a mão na massa para despoupar metade da produção de maracujás oriundas do sítio da família de um dos alunos. “A escola recebeu a doação da fruta e decidimos em parceria com os demais professores realizar uma aula prática com destaque para a temática do trabalho coletivo na produção de renda”, contou o professor de Língua Portuguesa, Adan Mota.
O professor explicou que parte dos estudantes foram escalados para coletar os maracujás e juntamente com os demais colegas participaram da despoupa do produto para em sequência realizarem o congelamento das poupas para consumo interno da Escola. “O objetivo dessa atividade foi demonstrar aos alunos que esse é o trabalho necessário para produção de material que pode ser vendido na zona urbana com valor agregado, com a obtenção de maior renda do que a simples venda da fruta em si”, disse.
Além do maracujá as famílias que moram no assentamento produzem acerola e leite. Segundo o professor Adan, já há na comunidade um processo para a montagem de uma pequena indústria para beneficiamento das frutas e resfriamento do leite. “Essa ideia nasceu aqui dentro da Escola. A partir de uma pré-industrialização dos produtos eles poderão montar uma pequena cooperativa que contribuirá para agregar valor à produção local”, contou.
Horta
Outra ideia que tem contribuído para maior participação dos alunos e de seus pais nas ações da Escola trata-se da criação de uma horta comunitária. Ainda em fase de projeto o espaço servirá como campo experimental para o ensino prático na comunidade. “Já entramos em contato com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que nos dará suporte técnico na montagem da orta, bem como capacitação para os assentados”, disse Mota.
Ele explica que os funcionários e professores da Escola se reuniram diversas vezes com toda a comunidade para explicar sobre o projeto bem como as formas de funcionamento da orta que servirá para o ensino dos alunos bem como experimentação para os membros da comunidade. “A ideia é que eles se utilizem dessa ferramenta para produção de renda em seus sítios. Tanto o trabalho com as frutas quanto a orta estão sendo fundamentais para atração da comunidade para dentro da unidade”, contou.
Permanência
Para o estudante Gabriel Moreira, cuja família fez a doação de maracujás para a escola, o trabalho pedagógico realizado na Florestan Fernandes tem contribuído para despertar o sentimento de pertencimento à localidade. “No meu caso, por exemplo, tudo que estou aprendendo aqui na Escola vou utilizar no nosso sítio. Essa forma de ensino teórico das disciplinas, mas com demonstração na prática é fundamental para nós que não pretendemos ir morar na cidade e sim ficar e ter renda aqui”, afirmou.
Na avaliação da assessora pedagógica da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Simone de Souza Naedzold, que atua em Sinop, apesar das dificuldades sobretudo de infraestrutura, as unidades do campo da região tem produzido bons resultados para o processo educativo das comunidades. Sobre a Florestan Fernandes ela destaca que além da sede a unidade possui uma extensão que atende outros 82 alunos no assentamento Zumbi dos Palmares, distante cerca de 60 quilômetros do 12 de outubro.

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